Quem disse que «o futebol não é para meninas»?

«O futebol não é para meninas» era a frase com que se respondia à florzinha que se queixava de uma entrada mais dura. Digo «era», porque estou convencido de que se trata de uma frase que vai deixar de se ouvir nos nossos campos da bola. Carolina Salgado, essa filha-de-um-grego, entrou a pés juntos sobre o sistema, que neste momento ainda não sabe que já tem o perónio fracturado. Por ora, pensa que é só uma entorse, mas não deve faltar muito para ser arrastado para fora de campo. O livrinho desta menina teve o condão de tornar insustentável aquilo que já toda a gente sabia mas que ninguém queria ver. A alternadeira fartou-se de acender os cigarros, e o cheiro tornou-se insuportável. O futebol português terá um período a. C./d. C.: antes de Carolina, depois de Carolina. Salgado fez a assistência para golo, e na área aparece agora Maria José Morgado (Mizé para os íntimos!) com todas as condições para concretizar. Já levantei o cú da cadeira, seguindo a jogada com entusiasmo, e a minha dúvida é só uma: quantos defesas serão sentados na relva antes de podermos gritar golo? Haverá sururu discutindo se a bola passou totalmente a linha de baliza ou não, mas um apito dourado levará a redondinha para o centro do terreno. Quero acreditar nisto. Quero acreditar que «agora é que vão ser elas».